terça-feira, 29 de novembro de 2011

O bom sabor do Brasil


Nós, brasileiros, somos um povo possuidor de um patrimônio cultural rico, variado e original. É neste âmbito que se enquadra a nossa gastronomia a qual, como alguém escreveu, "constitui seguramente um ramo da estética e ensina a arte de viver em sociedade".
Neste particular, não nos falta nada. Temos pães , temos charcutaria, temos  peixes e mariscos , temos algumas carnes estimáveis e bons queijos frescos de que nos podemos orgulhar.Temos, finalmente, um modo artesão de fazer muitos dos produtos citados, que pode e deve ser valorizado neste nosso mundo globalizado. Se temos um modo de ser únicos, então faz falta que valorizemos tal característica e qualidade.
Mas se temos consciência da nossa individualidade de povo novo, também temos que ter a lucidez de constatar que quase ninguém conhece o que temos de melhor nos domínios da gastronomia. Esta não pretende resolver os problemas da Humanidade. A sua função é muito mais comezinha, mas igualmente nobre: permitir que os homens se relacionem melhor e sejam mais sábios sobre um assunto que tem a ver com a sua qualidade de vida e da sociedade em que se integram, ou seja, com a sua felicidade. Um gastrônomo, quando o é em consciência, é uma espécie de guardião da integridade e da genuinidade do domínio alimentar de toda uma comunidade.
Faz também sentido chamar a atenção para o fato de, na última década, termos assistido ao aparecimento de um conjunto de cozinheiras e cozinheiros, alguns dos quais, devido ao seu talento criativo, ganharam direito ao título de chefes de cozinha, os quais, majoritariamente ancorados no melhor que tem a nossa culinária tradicional, nos posicionam num patamar que aponta para a modernidade e, até, a vanguarda.
Estamos, então, num daqueles momentos em que o que faz falta é unir vontades, boas vontades, energias, capacidade de trabalho, rigor e disciplina que nos façam dar um salto em frente. Não será tarefa fácil convencer o mundo de que o Brasil é um lugar de coisas boas, originais, saborosíssimas. Mas, embora muitas vezes não pareça, nós ainda não perdemos o jeito e a capacidade para respondermos aos desafios que se nos colocam. Agora trata-se de construir uma imagem convincente do que temos de melhor nos domínios das gastronomia , de a dar a conhecer ao mundo e às suas gentes, ganhando-as para a certeza de que o sabor do Brasil é requintado, sofisticado e cosmopolita.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Gastronomia Nacional... obra em progresso???

Este ano acontece diversos encontros ao redor do mundo sobre a gastronomia.
O Gastronomika, no País Basco, foi um deles, talvez o mais comentado por aqui, onde o  Brasil esteve representado pelos cozinheiros: Alex Atala (restaurante D.O.M.), a dupla Helena Rizzo e Daniel Redondo (do Maní), Rodrigo Oliveira (do Mocotó), Roberta Sudbrack (do restaurante homônimo) e Claude Troisgros (do Olympe).
O tema geral do evento foi “Gastronomias Evolutivas, Emergentes, Diversas – Peru, Brasil e México”. E é exatamente ai que a coisa toda começa a degringolar...
Se pegarmos estes três países, eles já aparecem em uma linha evolutiva gastronomica bem antes de se sonhar com a criação deste evento...então...eheheheh...
A gastronomia por aqui, no Brasil, começa a se desenvolver com a colonização, com isso há uma troca de cultura do colonizado com o colonizador, é errado pensar que somente nós recebemos cultura de fora, aliás, muito pelo contrário, nos fizemos fortemente presentes na gastronomiaeuropéia a partir de então...
Fico aqui pensando com  minhas panelas e pranchas... quem definiu os representantes brasileiros para esse encontro? O que realmente eles mostraram lá fora da cozinha nacional?...
...Talvez...deles todos o que melhor reflita o espírito do brasileiro seja o Rodrigo, com sua comida de botequim nordestina/paulista!
O que vi através dessas escolhas foi um cozinheiro paulista, formado na Europa que cozinha cada vez mais sobra a influência Amazônica... uma cozinheira oriunda de Brasília que também cozinha com ingredientes típicos do Cerrado, do Norte e do Nordeste... um outro paulista com forte sotaque nordestino e um francês que faz adaptações de ingredientes utilizando sua técnica francesa...
Bom e daí????...sim e dai...???
Ah...esqueci da bela Helena e seu consorte Espanhol...
Bom...não sinto a minha cozinha brasileira representado por nenhum deles...!!! Sim...como não enxergo o Brasil na sua totalidade e pluralidade traduzido por eles...e sim a mesma caricatura que o cinema...a televisão...venderam de Brasil para o olhar estrangeiro...!
?O quanto de Rio de Janeiro tem na comida apresentada por Claude...Roberta...
?O que tem de São Paulo na comida dos outros cozinheiros da capital economica do país...!
Se nosso país é marcado e conhecido por ser plural...me parece que por fim esses cozinheiros acabam acentuando em suas criações certas regiões brasileiras e a pluralidade fica mais por conta do deslocamento do ingrediente natal para os grandes centro do que no prato em si.
Pode ser uma impressão errônea essa minha...posso estar com um olhar viciado e não estou conseguindo enxergar o Brasil nesta forma de apresentação gastronomica...
Mas por fim...sinto falta de um cozinheiro plural como é o Brasil...e talvez isso seja uma utopia...pois somos seres eternamente influenciáveis...
Mas o que mais mexe com meus brios...foi nenhum deles ter levantado em tom de crítica a nossa posição gastronomia em desalinho com o tema deste encontro...pois não somos emergêntes gastronomicos... talvez assim podemos ser chamados se cultuarmos a mimese de uma forma de cozinhar e pensar a gastronomia a partir da Europa... Me chamou a atenção nenhum deles...ter tido a atitude ousada de um SantaMaria a alguns anos atrás e ter demonstrado que nossa posição na gastronomia não é essa de fornecedores de matéria-prima...de mero coadjuvantes...aqui pensamos a gastronomia brasileira...